sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A Ilha de Fidel

por HÉLIO SCHWARTSMAN

Cuba se tornou uma espécie de museu do comunismo a céu aberto. O episódio dos boxeadores que quase desertaram durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro ilustra com perfeição as agruras do regime.

O simples fato de os atletas não poderem sair do país com suas famílias à hora que bem entenderem para viver --e trabalhar-- onde lhes pareça melhor já demonstra que há algo de muito errado por lá. No mais, algumas das "reflexiones del presidente Fidel Castro" sobre o caso evocam, ainda que com o tom farsesco típico da América Latina, os lúgubres processos de Moscou.

Não duvido de que os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara tenham mesmo manifestado às autoridades brasileiras o desejo de voltar para a ilha. É patente, porém, que haviam antes planejado desertar, a ponto de requererem vistos para a Alemanha. Mesmo assim, só o que censuro ao Ministério da Justiça é a celeridade que imprimiu à operação de repatriamento, que contrasta com outros casos.

Embora alguns lapidares do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ainda insistam em descrever Cuba como uma democracia popular, não há muita dúvida de que aquilo seja uma ditadura, ainda que não das mais selvagens. E um Estado que zela pelo respeito aos direitos humanos como deveria ser o Brasil precisa agir com certa cautela antes de devolver a um regime autoritário pessoas que ousaram desafiá-lo.

Nesse contexto, teria sido recomendável manter os cubanos por aqui por mais uma ou duas semanas. Vale lembrar que eles entraram legalmente no país e, até onde se sabe, não cometeram nenhum delito. Não havia nenhuma razão para mantê-los sob vigilância, situação a que foram confinados desde a sua detenção, na quinta-feira retrasada, até a volta para Havana, no sábado.

Se tivessem mais tempo para pensar (e curar a ressaca), talvez os cubanos tivessem tomado outra decisão. Não é necessário título de especialista em teoria dos jogos para constatar que eles fizeram as piores escolhas possíveis. Quando optaram por desertar, abriram mão de estar com a família para praticar boxe no Ocidente e, supostamente, ganhar bastante dinheiro. Quando decidiram voltar, sacrificaram o "sonho capitalista" para abraçar a certeza de uma condição muito pior para si mesmos e seus próximos. Basicamente, tudo o que conseguiram foi alguns dias de farra com garotas de programa no norte fluminense e, de volta a Cuba, trocar os privilégios que tinham como atletas de renome internacional pelas atribulações da vida de cortadores de cana ou de algum outro "trabalho digno" que Fidel disse que lhes dará após proibi-los de lutar.

É verdade que tomar repetidas pancadas na cabeça, como ocorre a boxeadores, prejudica o raciocínio, mas, se tivessem tido a oportunidade de conversar com representantes de instituições independentes como a Anistia Internacional ou o America's Watch, Rigondeaux e Lara poderiam ter se saído menos mal de suas desventuras.

Minha hipótese favorita, que não tenho como provar, é que o regime cubano fez ameaças abertas ou veladas às famílias dos lutadores, que acabaram optando pelo retorno. Esse é um expediente clássico de ditaduras, e ditaduras gostam de operar com clichês --é uma forma eficiente de insinuar as coisas sem necessitar explicitá-las.

Dar mais tempo para os cubanos teria no mínimo poupado às autoridades brasileiras o dissabor de ser acusadas de atuar a soldo de Fidel Castro.

Espero que o leitor não me interprete mal. Não sou um daqueles fanáticos anticubanos, mas, ao contrário de alguns dirigentes petistas, também não costumo sacrificar fatos para ficar com as interpretações que mais me agradam.

Se Cuba não fosse uma ditadura, os boxeadores nem precisariam ter se dado ao trabalho de bolar uma fuga. Daí não se segue que estejamos diante de um regime tão sanguinário como o de Saddam Hussein ou de alguns tiranetes africanos. Rigondeaux e Lara deverão comer o pão que o diabo amassou, mas é improvável que venham a ser torturados ou fuzilados. Daqui a alguns anos, talvez até possam voltar a lutar ou treinar jovens.

Só que o fato de o regime cubano não ser especialmente homicida não basta para justificar seu autoritarismo, mormente porque ele é totalmente desnecessário no que diz respeito aos dois ou três sucessos que a revolução cubana logrou obter.

Por mais que deploremos as práticas de Fidel, é forçoso reconhecer que ele fez um bom trabalho em saúde e educação. É claro que a Universidade de La Habana não compete com Harvard ou Oxford, mas praticamente todos os cubanos sabem ler e escrever e freqüentaram a escola básica, o que não é regra no Caribe e mesmo em algumas nações bem mais ricas. Já no campo sanitário, os indicadores básicos de Cuba, se não muito manipulados, são melhores até que o de algumas regiões dos EUA. O segredo é basicamente prevenção e atendimento primário. A coisa muda um pouco de figura quando se chega a casos de alta complexidade como um câncer ou uma doença coronariana avançada, hipótese em que é melhor estar nas mãos de um médico capitalista americano. Só que conseguir essas notáveis realizações de modo algum implica manter boxeadores ou escritores contra sua vontade no país.

O curioso aqui é que Cuba se conserva um museu socialista, com seus muitos vícios e poucas virtudes, graças aos esforços dos EUA para que deixe de sê-lo. É que, por uma série de razões históricas as quais vou apenas tangenciar, o relacionamento EUA-Cuba assumiu uma dinâmica que confere um peso desproporcional às diferenças ideológicas entre os dois regimes.

Vale lembrar que, de início, Fidel Castro não era um líder marxista. Após derrubar a ditadura pró-americana de Fulgencio Batista, em 1959, Fidel não tinha planos de instalar o comunismo. Foi a acentuada pressão de Washington para depor Fidel que o acabou empurrando para os braços da então existente União Soviética. A aproximação entre Havana e Moscou reforçou ainda mais as desconfianças dos EUA, que foram se tornando cada vez mais violentamente anticastristas, e vice-versa. A relação entre os países acabou ficando pessoal demais, a ponto de a CIA ter tentado assassinar Castro várias dezenas de vezes, sempre sem sucesso, como provam os 80 anos do ditador.

O surpreendente é que as desavenças sobreviveram à queda de Berlim e à própria extinção da URSS. Cuba, é certo, penou barbaramente depois que deixou de receber a mesada de Moscou. Os EUA, entretanto, em parte por força do lobby de exilados cubanos na Flórida, em vez de aproveitar a situação para desideologizar a relação, mantiveram e até reforçaram o embargo à ilha de Fidel, renunciando assim à mais eficiente das armas para combater o comunismo: despejar dinheiro até que a tal da sociedade sem classes dê lugar ao velho capitalismo. Tal estratégia funcionou à perfeição na China, que, nominalmente, segue comunista sem ser incomodada por ninguém.

Fidel foi encontrando meandros pelos quais sobreviver. Ergueu, com auxílio do capitalismo europeu e canadense, ao qual parece fazer menos restrições, uma infra-estrutura turística que não é plenamente explorada porque cidadãos norte-americanos não podem passar suas férias em Varadero. Também permitiu que seus odiados compatriotas de Miami mandassem dólares para os familiares que ficaram em Cuba. Remessas externas e turismo já são a principais fontes de renda de Cuba.

É uma questão de tempo até que Fidel e seus sucessores desapareçam. Museus da história não costumam durar para sempre. Enquanto isso não acontece, teremos ocasionais shows como o protagonizado pelos pugilistas cubanos, os quais servem para nos lembrar de que, por melhores que sejam a educação e a saúde cubanas, o ser humano é, como já sugerira Schopenhauer, uma máquina de desejar que não pode ser desligada. Mesmo que o socialismo fosse capaz de nos dar tudo aquilo de que temos necessidade objetiva, ainda assim muitos de nós arriscariam tudo pelo direito de querer mais. O grande erro do marxismo foi deixar de ver esse traço tão distintivo quanto irracional da natureza humana. [Pensata 16/8/07]

Balanço ecologico mediocre

por HERVÉ KEMPF

A utilização dos biocombustíveis não permitirá sistematicamente limitar as emissões de gases de efeito estufa, e seria mais eficiente conservar o meio ambiente em bom estado: esta é a conclusão de um estudo que foi publicado na revista "Science", na sexta-feira, 17 de agosto, e co-assinado por Renton Righelato, da World Land Trust, uma organização que se dedica à conservação dos ecossistemas, e por Dominick Spracklen, professor da Universidade de Leeds (Grã-Bretanha).

O balanço ecológico dos biocombustíveis em muitos casos é criticado com base na comparação entre a energia gasta para produzí-los e aquela que eles fornecem. O saldo é geralmente bastante medíocre, e até mesmo negativo.

Mas a abordagem de Renton Righelato e de Dominick Spracklen é mais original: eles procuraram comparar as emissões de gás carbônico economizadas pelas culturas de biocombustíveis, com aquelas evitadas por outras formas de utilização do solo. Ao compilarem um grande número de estudos, eles compararam os balanços das diferentes formas de utilização do solo: a cana-de-açúcar, o trigo, o milho ou a beterraba, destinados à produção de etanol ou de diesel, a conversão de florestas tropicais em culturas, a conversão de culturas em florestas etc.

Por exemplo, a cultura do trigo para produzir etanol permite evitar, ao substituir o petróleo, entre 0,2 e 0,6 tonelada de gás carbônico por hectare por ano. Mas a conversão, nos Estados Unidos, de culturas em florestas de pinhos permite (por meio do crescimento das árvores) economizar 3,2 toneladas de gás carbônico por hectare por ano. Portanto, seria mais interessante dedicar-se à cultura de árvores do que cultivar cereais destinadas a fazer com que os automóveis possam andar.

A cana-de-açúcar possui o melhor rendimento dentre os biocombustíveis existentes: cerca de 2 toneladas por hectare de emissões evitadas. Mas isso é muito menos do que aquilo que a transformação de culturas em floresta tropical permitiria economizar (entre 4 e 8 toneladas por hectare), e muito mais desastroso se a cana-de-açúcar for desenvolvida por meio do desmatamento (que "custa" cerca de 200 toneladas por hectare, por ano de emissões).

No total, constatam os pesquisadores, se os dirigentes políticos quiserem mesmo privilegiar o balanço ecológico, "o melhor que eles teriam por fazer seria se concentrar na melhoria da eficiência energética dos combustíveis fósseis, de conservar as florestas e as savanas, e de restaurarem as florestas naturais e as pradarias em relação às terras que não são necessárias para a alimentação".

Além de tudo, esta abordagem apresentaria vantagens em matéria de biodiversidade e de saúde dos ecossistemas. [Le Monde 18/8/07]

Giordano Bruno

Giordano Bruno(1548-1600) nasceu em uma província de Nápoles, Nola.
Como São Tomás de Aquino, ingressou cedo na ordem religiosa dominicana. Era filho de João Bruno, um militar italiano e Flaulissa Savolino. Com um caráter contestador, leva uma vida nômade, suscitando opiniões contrárias e perseguições à sua pessoa. Bruno tinha uma visão panteísta do mundo, dizia que tudo está em tudo. Foi um humanista, corrente filosófica do renascimento cujo principal representante é Erasmo. Bruno era defensor do infinito cósmico e de uma nova visão do homem. A filosofia do seu tempo estava baseada nos clássicos antigos, principalmente Aristóteles e Bruno teorizou contrariamente à eles. Não era um cientista, e não valorizava a matemática, desenvolveu sua filosofia baseado nas suas intuições e vivências fora do comum. É certo que teve sólida formação clássica, e conhecia as novas idéias do renascimento, mas teve também um caráter místico, sendo considerado por muitos um místico. Bruno era um visionário, falava de suas visões religiosas. Perambulou pela Itália, até Genebra, onde se inscreve numa faculdade. Muda-se e vira professor, ensinando aquele que criticou: Aristóteles. Vai para a Inglaterrra, onde freqüenta o meio intelectual ligado à corte da rainha Elisabeth. É obrigado a fugir porque, entre outras coisas atacou a física peripatética. Continua sua vida errante. Na sua cosmologia, constante em suas obra elabora a teoria de que o universo é infinito, povoado por milhares de sistemas solares, e com outros planetas contendo vida inteligente. Pois o universo inteiro está vivo, existe uma vida que anima tudo o que existe, como por exemplo os astros, os minerais. Foi influenciado por Nicolau da Cusa, Copérnico e Giovanni Della Porta. Mas é original. E foi além da teoria universal de Copérnico, pois aceitou o infinito. Afirma que tudo que existe na Terra forma um sistema. Bruno é animista. O animismo fala que uma só alma é o princípio da vida. Todos os seres tem uma finalidade. Todas as coisas são animadas no universo. Para Bruno, Deus é a força criadora perfeita que forma o mundo e é imanente à ele. Nesse ponto é contrário a Nicolau da Cusa. Mas, como esse, é monista. Para ele Deus é a mônada das mônadas. A teoria das mônadas foi retomada mais tarde por Leibniz. Os erros de teorização provém do fato de sermos espíritos limitados no universo ilimitado. Bruno aceita os poderes humanos extraordinários. Ridicularizou os milagres de Cristo e outras dogmas católicos, como a aceitação da virgindade de Maria.
Por suas opiniões, principalmente as religiosas, Bruno foi condenado pela inquisição. Passo os seus últimos oito anos sofrendo torturas e maltratos de todos os tipos. Na última interrogação não se submete. É condenado à morte na fogueira. Antes de morrer cospe no crucifixo dos os que o mataram.
Suas obras principais são: Da causa, do princípio e do Uno e Do universo finito (1585)

Teoria do conhecimento

Teoria do Conhecimento

O Dogmatismo e o Ceticismo- O dogmatismo considera a possibilidade de um contato entre o sujeito e o objeto como algo compreensível por si mesmo, os Céticos negam essa possibilidade. Segundo os Céticos o sujeito não pode apreender o objeto. O conhecimento, no sentido de uma apreensão real do objeto, é impossível para ele. Portanto, não devemos formular qualquer juízo, mas sim abster-nos totalmente de julgar.
O Subjetivismo e o Relativismo- Tanto para o Subjetivismo como para o Relativismo há uma verdade, mas esta verdade é limitada. Não Há qualquer verdade universalmente válida. O Subjetivismo limita a verdade ao sujeito que conhece e julga. O Relativismo diferencia-se pela dependência de fatores externos. Como tais consideram, em primeiro lugar, a influência do meio e do espírito do tempo, o pertencer-se a determinado circulo cultural e os fatores determinantes nele contidos.
O Criticismo e o Apriorismo de Kant- O Criticismo está na posição intermediaria entre o Dogmatismo e o Ceticismo. O Criticismo examina todas as afirmações da razão humana e não aceita nada despreocupadamente. O seu comportamento é reflexivo e critico. Enquanto que o Apriorismo considera a experiência e o pensamento como fontes do conhecimento e indica que o nosso conhecimento apresenta elementos apriori, independentes da experiência. Kant declarou que a matéria do conhecimento procede da experiência e que a forma procede do pensamento.
O Pragmatismo- O Pragmatismo abandona o conceito de verdade no sentido da concordância entre o pensamento e o ser, e substitui o conceito por um novo de verdade. Segundo ele, verdadeiro significa útil, valioso, fomentador da vida. O Pragmatismo modifica porque parte de uma determinada concepção do ser humano. Segundo ele, o homem não é essencialmente um ser teórico ou pensante, mas sim um ser prático, um ser de vontade. Para Nietzsche a verdade não é um valor teórico, mas apenas uma expressão para designar a utilidade, para designar aquela função do juízo que conserva a vida e serve a vontade do poder.
O Racionalismo- O Racionalismo vê no pensamento, na razão a fonte principal do conhecimento. Segundo ele, um conhecimento só é real quando é logicamente necessário e universalmente válido. Para ilustrar esse pensamento, temos aqui dois exemplos: quando formulamos os juízos: o todo é maior que as partes e todos os corpos são extensos.
ARISTÓTELES

Viveu de 384 a 322 a.C. Foi discípulo de Platão, freqüentando a Academia por mais de vinte anos.

Inicialmente, concordava com o mestre; depois, passou a divergir e a construir o seu próprio pensamento.

Foi professor de Alexandre Magno, da Macedônia.

Abriu sua própria escola – o Liceu – dedicada às ciências naturais.

Escreveu sobre todos os assuntos conhecidos: foi a última enciclopédia unipessoal.

Fez a classificação científica de animais e plantas, que perdurou durante 2000 anos.

Sua Lógica (Órganon) é considerada perfeita; compõe-se de cinco volumes.

Outras obras importantes: Metafísica – 14 volumes, Fisica – 8 vol, Ética – 10 vol, Política – 8 vol, Sobre a Alma – 3 vol.

LÓGICA

Estudo sistemático dos conceitos (união, separação, definição, divisão e produção de conceitos novos).
Todos os conceitos ou idéias se organizam em dez grupos, chamados de 'categorias', que são:
1. substância, 2. qualidade, 3. quantidade, 4. ação, 5. paixão, 6. relação, 7. tempo, 8. lugar, 9. posição, 10. hábito.
Todos os conceitos têm compreensão (características) e extensão (aplicabilidade) em grau inversamente proporcional.
Todos os conceitos têm tb predicabilidade, ou seja, capacidade de atribuição, que se distingue em quatro modos (predicáveis):
gênero – elemento essencial não determinante;
diferença específica – elemento essencial determinante;
acidente próprio – elemento não essencial mas inerente;
acidente simples – elemento não essencial e casual.
A aquisição de novos conceitos faz-se de dois modos:
pelo raciocínio silogístico (silogismo) – de duas afirmações dadas, conclui-se necessariamente uma terceira;
por indução – reunião de observações simples acerca do mesmo fato para concluir uma afirmação de caráter geral.

METAFÍSICA

É a filosofia considerada em si mesma, o estudo do ser enquanto tal.
A palavra 'metafísica' foi criada casualmente por Andrônico de Rodes, ao classificar a obra completa de Aristóteles em: lógica, física metafisica, moral e política.

A metafísica estuda as causas primeiras e princípios primeiros das coisas. Estes são quatro:
material – substância ou essência;
formal – veículo ou substrato;
eficiente – fonte do movimento;
final – o pelo que e o para que, em busca do bem.
Não é um saber prático, mas teorético. Seu objetivo é unicamente a busca da verdade.
Pode ser chamada 'ciência divina' de duas maneiras: a) porque trata de coisas divinas; b) porque é possuída em grau supremo somente por Deus.
Faz-se distinção entre metafísica, física e matemática, a partir da distinção do ser, do seguinte modo.
SER MÓVEL (mutável) ,IMÓVEL (imutável)
FISICA Material, Imaterial
MATEMÁTICA , METAFÍSICA
A metafísica é filosofia primeira e teologia.

A CRÍTICA DO CONHECIMENTO

Antes de iniciar o estudo da metafísica, é necessário fazer a crítica do conhecimento, ou seja, mostrar que o conhecimento tem valor objetivo, ao menos em relação a algumas verdades fundamentais.
Prioridade dentre as verdades fundamentais: o princípio da não-contradição. (= “é impossivel que uma coisa possa ser e não ser ao mesmo tempo, considerada sob o mesmo ponto de vista”).
Este princípio é indemonstrável. Quem o rejeita cai ou no 'sensualismo' (conhecimento unicamente pelos sentidos – Protágoras) ou no dinamismo (conhecimento das coisas em transformação – Heráclito).
Não se pode dizer que todas as afirmações são verdadeiras nem que todas as afirmações são falsas, porque ambas as posições são contraditórias.
O princípio da não-contradição é a base do pensar, o fundamento último de todo o saber e de toda a realidade.

A ESSÊNCIA DAS COISAS

É a essência transcendente (=Platão) ou imanente (=pré-socráticos)?
Na teoria de Platão, as idéias são réplicas inúteis do mundo sensível. Além disso, como pode a substância de uma coisa estar fora dela?
Estando fora, elas não explicam nem o conhecimento nem o vir-a-ser das coisas. Por isso, a essência deve ser imanente.

A REALIDADE DAS COISAS – MATÉRIA E FORMA

A realidade é constituída de substâncias e acidentes. A substância é anterior ao acidente nos diversos aspectos: lógico, epistemológico, histórico e ontológico.
É o primeiro conceito implicado no estudo das categorias, pois todas as demais dependem dela.
Há três tipos de substância: materiais corruptíveis, materiais incorruptíveis, imateriais.
As substâncias materiais corruptíveis são a síntese de dois elementos separáveis: materia e forma.
O conceito de matéria se obtém pela análise da transformação substancial (o substrato que permanece após as mudanças), ou seja, do devir: “é evidente que alguma coisa daquilo que vem a ser já existia antes”, isto é, a matéria.
O conceito de forma obtém-se pela verificação daquilo que diferencia uma coisa da outra. É a razão pela qual a matéria se torna uma coisa determinada (substância). A forma é que determina porque uma matéria é isso e não aquilo.
Matéria e forma não podem existir separadamente, porque a sua desunião destrói a coisa. Essa obrigatoriedade é o sínolo (síntese - substância). Matéria e forma constituem todos os seres.
Em cada ser, a forma determina as características específicas e a matéria, a características individuais.

ATO E POTÊNCIA

Explicam o vir-a-ser das coisas. Aplicação extensiva das noções de matéria e forma.
Potência assemelha-se à matéria: propriedade indeterminada, passiva, capacidade de assumir qualquer determinação;
Ato assemelha-se à forma: propriedade determinada, finita, completa.
Ato e Potência são o resumo de tudo que acontece no universo. Obtém-se a partir da análise do vir-a-ser. Este só se torna possível se se admitir a potência.
Em Deus não há potência; Ele é ato perfeito, puro, motor imóvel.
Há dois tipos principais de ato:
ação – energia – mundo material;
resultado – entelecheia – mundo inteligível.
O vir-a-ser é a transformação da potência em ato, enquanto se opera = movimento, ato imperfeito, ainda não concluído.
Há 4 espécies de vir-a-ser:
mudança da própria substância (geração ou corrupção);
mudança da qualidade (alteração);
mudança da quantidade (aumento ou diminuição)
mudança do lugar (translação).

DEUS,EXISTÊNCIA E NATUREZA

Ele mantém de pé todo o edifício; explicação para a origem do movimento (motor imóvel), das causas (causa primeira), do vir-a-ser (ato puro).

Provas da existência de Deus: 1. o devir, atestado pela experiência; 2. graus de perfeição; 3. ordem das coisas.
O modo da operação divina é pelo pensamento, ato simplicíssimo e único. Porém, Deus não cria o mundo, não cuida dele, não o conhece. Não pode ter nenhum contato com a matéria.

A FÍSICA

A principal característica da physis, segundo Aristóteles, é o movimento, o vir-a-ser = todos os seres da natureza estão sujeitos à geração e à corrupção. Este é o objeto de estudo da física aristotélica.

O conhecimento dos fenômenos físicos se obtém por indução, a partir da experiência. A explicação para o vir-a-ser das coisas naturais se dá pela aplicação da teoria do hilemorfismo (matéria-forma). O vir-a-ser consiste em passar, a matéria, de uma forma para outra.
O vir-a-ser ocorre no espaço e no tempo. Espaço é a distância entre os corpos e tempo é a medida do antes e do depois. Ambos são acidentes da substância.
São quatro as principais formas do devir:
a) quantitativo – crescimento ou diminuição;
b) qualitativo – alteração;
c) lugar – translação;
d) substancial – geração (início da coisa) e corrupção (fim).
O fundamento último do devir é a teoria do primeiro motor (motor imóvel).

A PSICOLOGIA

Aristóteles é considerado o fundador da psicologia enquanto estudo da natureza humana, suas disposição e inclinações, faculdades e operações, processos de conhecimento e apetites (desejos), sensação, memória, raciocínio, sono...
O homem é também constituído de matéria (corpo) e forma (alma). A íntima união entre eles não permite afirmar que a alma é preexistente. Ela constitui uma unidade substancial com o corpo.
A alma, como forma do corpo, proporciona a este os modos de ser e de agir. Todos os seres vivos têm uma alma, entendida esta como princípio de atividade autônoma. Porém, a alma humana é diferente e superior por causa da sua capacidade de pensar (racionalidade), uma vez que animais e plantas não pensam.
A alma humana é uma só, mas exerce três funções:
vegetativa – conservação do corpo e da espécie, nutrição;
sensitiva – sentidos (5 sentidos externos e 3 internos) e desejos (concupiscível e irascível);
intelectiva – abstração (conceito), juízo e raciocínio (argumentação).
O conhecimento é produzido na alma, a partir das informações que lhe chegam pelos sentidos. A alma não traz conhecimentos preexistentes, é uma tabula rasa. Também não há reencarnação.
Pela função intelectiva, a alma trabalha com os dados fornecidos pelos sentidos e elabora os conceitos ou idéias universais (abstração). O intelecto divide-se em dois:
ativo – processa os dados sensíveis, construindo as idéias;
passivo – recolhe, organiza e conserva as idéias.
Aristóteles reconhece a imortalidade da alma, mas só de parte dela, provavelmente a que corresponde ao intelecto passivo. É uma questão que ele não deixa muito clara.

A ÉTICA

Enquanto ser racional, o bem do homem ou sua felicidade consiste na correta atuação da razão. A atuação perfeita da razão é a contemplação (teoria). Mas como o homem não é pura razão, é necessário harmonizar a contemplação com a satisfação das faculdades e dos sentidos. Ou seja, uma mistura dosada de prazer e racionalidade.

O meio para conseguir a felicidade é a prática da virtude. (ver definição de virtude – p. 102). Virtus in medio = evitar os extremos. A virtude implica ação da vontade e da razão.

Há dois grupos de virtudes: dianoéticas (5) – favorecem as faculdades intelectivas) e morais (4) – fazem o controle das paixões e desejos.

Destaca entre as virtudes a amizade: é tão importante que sem ela não se pode ter felicidade.

A POLÍTICA

Os homens se unem para formar a sociedade naturalmente, instintivamente (instinto gregário).
O Estado é uma criação da natureza humana e o homem é, por natureza, um animal político.
O objetivo da vida humana é a felicidade; o do Estado é facilitar a consecução da felicidade, através da promoção do bem comum.
Há formas de governo justas e injustas:
justas – monarquia, aristocracia, república;
injustas – tirania, oligarquia, democracia.
Defende a escravidão como necessária.

A ESTÉTICA

A arte se ocupa de algo que não faz parte nem da natureza nem da história = a beleza, algo que na natureza é sempre imperfeito.
É o prazer de ordem intelectual, não faz parte das atividades cognitivas e afetivas.
Há as artes instrumentais (tékne) e imitativas.
A arte tem função pedagógica e catártica (descarga da passionalidade, dos sofrimentos).

Caminhos

Caminhos
Caminho as trilhas da perplexidade, pois a muito me habituei ao espanto.
Se testemunho humanos em desencanto com o mundo, mais me aprofundo nas entranhas do cosmo.
Percebo em meu caminho que mesmo os descaminhos nos conduzem ao oceano.
Admito o que afirmava o filósofo: que a razão que esclarece é a mesma que alucina, andamos, pois, no fio da navalha. Por isso é necessário examinar o que asseverava o poeta: da necessidade de controlarmos nossa maluquez misturada com nossa lucidez, para trilharmos o caminho do meio.
Múltiplas são as vias que nos conduzem à duvida, impulsionadora dos mistérios do mundo, porque as certezas empanam a visão.
A certeza da incerteza me fez optar pela trilha, a fim de evitar o óbvio.
Se sigo o caminho das pedras é por achá-lo mais digno que o asfalto. Alimento-me do paradoxal, porque a ordem linear me asfixia, por entender o mundo dentro da perspectiva de uma aspiral ascendente.
A contradição é minha rosa dos ventos. Vivo a metamorfose ambulante do poeta.
Pois, Raul Seixas está para Heráclito, como a certeza está para a inércia. Porque a verdade absoluta é pretensão dos insanos.
Se a raiz do mundo material é o átomo. A anti-matéria é o prenuncio da imaterialidade de um mundo paralelo ao nosso.
Meu coração entrelaçado ao cérebro é como o buraco negro a processar o mundo em uma dimensão inacessível aos limitados sentidos humanos.
E vou como um pássaro a singrar as células do meu corpo na aventura da vida, revelando o irrevelável nas experiências diurnas e noturnas da existência humana.
Se sou filho do chão, que nutre minhas raízes. Se sou telúrico, terreno, estou, todavia destinado ao infinito, ao cosmo...
O anseio de liberdade há de me libertar das amarras da ignorância que estabelece limites bem definidos, podando minhas asas, anseio vôos mais altos. Nós, seres humanos, somos vocaçionados a transcendência e a superação, então mãos a obra, e edifiquemos a nós mesmos hoje e sempre.
Autor: Prof. Manoel, E.E.J.B.L.Bartolomei

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

John Locke

John Locke (1632-1704) nasceu em Wrington, Inglaterra. Wrington fica perto de Bristol, de onde era a família de Locke.
Eles eram burgueses, comerciantes. Com a revolução Inglesa de 1648, o pai de Locke alistou-se no exército. Locke estudou inicialmente na Westmuster School. Em 1652 foi para a Universidade de Oxford. Não gostou da filosofia ali ensinada. Manifestou, mais tarde, opiniões contrárias à filosofia de Aristóteles. Julgou o peripatetismo obscuro e cheio de pesquisas sem utilidade. Além de filosofia , estudou medicina e ciências naturais. Recebeu o título de Master of Arts em 1658. Nesse período , leu os autores que o influenciaram: John Owen (1616-1683) que pregava a tolerância religiosa, Descartes (1596-1650) que havia libertado a filosofia da escolástica e Bacon (1561- 1626), de quem aproveitou o método de correção da mente, e a investigação experimental. Interessou-se pelas experiências químicas do também físico Robert Boyle (1627-1691), que inovaram introduzindo o conceito de átomo e elementos químicos. Foi um avanço em relação à alquimia que dominou durante a Idade Média e a concepção de Aristóteles dos quatro elementos. Locke atuou nos campos de medicina, filosofia, política, teologia e anatomia. Não gostava de matemática. Redigiu em Latim, Ensaios sobre a lei da natureza. Já nessa época apresentava gosto pela regra experimental, de onde deriva sua filosofia empirista.

Em 1666, John Locke tornou-se médico de um futuro conde, Ashley Cooper. Participou, como assessor do futuro conde de Shaffesbury, da elaboração da constituição da colônia inglesa de Carolina, na América do Norte. Fazia parte do grupo de intelectuais da época. Foi nesse período que começou a redigir sua principal obra: Ensaio Sobre o entendimento humano, que só seria publicado em 1690. Em 1668 se tornou membro da Royal Society de Londres. em 1672 se tornou secretário do agora sim, conde Shaffesbury. Então passou a ter uma vida política ativa e efetiva. Cooper opunha-se ao rei Carlos II, que tentava fortalecer o absolutismo. Em 1675 , aconteceu a queda do conde. John Locke, que participara de uma séria de acontecimentos políticos, foi obrigado a abandonar essa vida. Viajou então para a França, onde se relacionou com os intelectuais cartesianos. em 1679, voltou a Inglaterra, onde ficou ao lado do ex-conde, que estivera preso. Como o Cooper não era bem quisto pela corte, Locke passou a ser vigiado.

Os dois mudaram-se então para a Holanda, onde estava mais avançada a liberdade de de opiniões. John Locke participu dos preparativos para a expedição de Guilherme de Orange , rei da Holanda. viaja com ele para Londres. Na holanda ainda era perseguido. Usa nome falso e colabora com numerosos artigos em um periódico.

Em 1691, transefriu-se para um castelo em Essex, hóspede de Francis Masham e sua mulher, Damaris. O ensaio sobre o entendimento humano havia sido editado em 1690. Morreu em Essex em 1704.

Locke desenvolveu, a partir da obra de Bacon, uma teoria voltada para emlhorar o uso do intelecto.Para isso, precisou analisar os meios que o intelecto tem para conhecer, como chegou ao ponto em que entende o mundo, e o interpreta. John Locke enfatizou o lado gnoselógico da origem das idéias e representações. A idéia para Locke, é "tudo que o espírito percebe em si mesmo, e que é objeto imediato de percepção e pensamento."Portanto , essa noção de idéia foi feita e corresponde com a idéia cartesiana. Não tem a ver com a idéia platônica, que aliás John Locke rebateu por ser contrário ao inatismo. A ideái em John Locke deve ser compreendida como o conteúdo da consciência, o material do conhecimento. Ele foi contra o inatismo presente em Platão e Descartes, e defendeu a teoria de que o conhecimento deriva da prática. Compara a mente a uma tabula rasa, uma folha de papel em branco. O intelecto humano não pode formular idéias do nada, nem o espírito traz em si memórias e conceitos presentes a priori. Para Locke, todos os dados da mente derivam da experiência. A experiência é a fonte e o limite do intelecto.

Locke formulou suas críticas ao inatismo, argumentando contra os pensadores platônicos da escola de Cambridge, entre os quais Ralph Cudworth, que suatentava que a idéia da exisTência de Deus provinha de uma noçãi inata. Para Cudworth, a teoria empirista que Locke adota, segundo a qual não há nada na mente que não tenha estado antes nos sentidos, deve ser combatida, por ser ateísta.

O livro I do Ensaio é dedicado à critíca do inatismo. Locke julga o inatismo uma doutrina de preconceito que leva ao dogmatismo individual. Mostra que há outros modos de se chegar ao consenso universal, que na verdade não existe. Ele dá exemplos de coisas que crianças e deficientes não possuem, como o princípio da identidade, não contradição e fundamentos éticos. Até mesmo a concepção não é inata, pois apresenta diversidade e varia a crença de cada povo. Em alguns , até não existe essa crença.

Locke afirma ser absurdo existir certos princípios inatos, mas não se estar consciente disso. Se há algo na alama , há a consciência desse algo. também é asim com os princípios morais. Locke fala que em certos lugares coisas são repreensíveis, e em outros as mesmas coisas são motivo de mérito. Locke também destitui de validade o argumento ontológico para a existência de Deus, da autoria de Santo Anselmo.

Para o argumento de que o intelecto pode criar idéias, John Locke responde que ele pode apenas combinar as idéias percebidas pelos sentidos. Mas não pode cria-las, nem tampouco destruí-las. Concluindo, Locke aponta a experiência como a única fonte possível de idéias. A alma trabalha o material percebido depois.

Locke aponta duas fontes para o conhecimento empírico: ele é derivado da experieência sensível ou da reflexão. As idéias estão no intelecto, e no mundo objetivo existe algo que tem o poder de fazer o intelecto entendê-las como tal. Um corpo tem qualidades primárias, como a extensão, a solidez, a figura. E secundárias como a cor o odor e o sabor. As seucndárias são variações das primárias, são subjetivas, parecem como são para os sentidos. As idéias simples forçam uma passividade por parte do sujeito , que pode operar sob diversos modos sob os dados dos sentidos e sob a reflexão, formando assim as idéias complexas. As idéias se conservam depois de percebidas. A memória é necessária para a ação intelectual, pois faz representações. A atividade do intelecto produz idéias complexas, dividas em três grupos principais:

a)de modo: estado e constituições de coisas e processos, não existem por si mesmas, mas dependem da sensação. Os modos simples tem componentes homogêneos (por exemplo um número) os modos mistos tem componentes heterogêneos (por exemplo muitas sensações que dão idéia de beleza). Exemplos de idéias de modo: a gratidão e o homicídio.

b)de substância. Nascem do hábito de ver idéias simples juntas, que são tomadas como uma complexa. Não nos tornamos conscientes nem porqueên nem como isso acontece. Nesse grupo estão a representação de coisas como o homem e de coletividade, o universo. Deus também pertence ao grupo de idéias complexas de substâncias.

c) relações- nascem da comparação e confronto entre as idéias que o intelecto percebe. Por exemplo, o conceito de pai, filho, sogro, diferença e semelhança.

O infinito, para Locke, é um modo simples. Não podemos realmente conceber o infinito. O inifinito é a repetição de número, duração e espaço. O infinito portanto não é anterior, a causa íltima do finito.

Na filosofia anterior a Locke, havia a teroia de que a substância constitue a essência das coisas. Essa noção estava em Descartes. Locke observa que a essência não pode ser a substância. Ou melhor, a substância não é conhecida pelos sentidos na sua essência. A identidade, o eu, está fora da substância.

A abstração, para Locke, é a ressaltação de certas qualidades das idéias, portanto reduz e parcializa as idéias complexas.

No quarto livro do Ensaio, Locke trata do conhecimento. As idéias são o material do conhecimento, que nasce da percepção delas, e faz conexões, concordâncias, contrastes e discordâncias entre as idéias. A correspondência entre duas idéias é importante para o conhecimento. São de quatro tipos:

a) identidade e diverdidade . Uma idéia se diferencia da outra.

b)relação. A ciência nasce da relação entre idéias diferentes.

c)coexistência ou não de um mesmo objeto. Pertence às susubstâncias.

d)existência real. Independente do eu individual que a percebe.

A percepção da realidade pode ser feita de dois modos:

a) por intuição- é claro e certo, não necessita de prova. Vem da evidência imeadita.

b)por demonstração- o espírito percebe as diferenças e semelhanças das idéias, mas não de imediato. Procede e se desenvolve por concatenações, associação dasintuições. A existência de Deus pode ser demonstrada racionalmente. John Locke usa a prova cosmológica para isso. Sabemos, de forma intuitiva, que algo existe desde a eternidade, pois se não existisse, o início teria de vir de alguma outra coisa. Para John Locke, a certeza que Deus existe é mais absoluta que as impresões dos sentidos. Nesse ponto, ele concorda com Descartes.

John Locke reconece duas classes de ciências: as reais (naturais e metafísicas) e as ideias (matemática e ética) . A matemática deve trabalhar com modelo próprio. A ética também se refere ao conteúdo que provém da mente humana. Assim, não há liberdade total e Estado juntos. Todo o delito deve ser castigado.

John Locke atuou também politicamente. Ele foi contrário aos teóricos do absolutismo, como Hobbes. Disse que não há poder inato, nem direito político divino. Para ele, uma boa ação concorda com uma norma. Existem três tipos de normas morais: a divina, a política , e a da opinião pública. O bem é o prazer, ou aquilo que o provoca, e o mal é a dor, ou aquilo que a provoca.

Todos os homens nascem e são iguais por natureza. Usam a razão, um bem comum, para construir a sociedade, e dela partilhar os resultados. O Estado vem do direito natural, como o direito à vida, à liberdade, à propriedade. O Estado deve promulgar o bem estar geral. O governo não pode ser tirânico, nem patriarcal.

O Estado não deve ser baseado na fé, nem na reiligião. Um governante, um princípe, é necessário para assegurar a velidade do pacto social, mas o direito dele vem do povo, não da religião. E ele é submisso às leis. Não pode tudo, como outros teóricos afirmaram. (Maquiavel ,por exemplo) Se falhar, o povp tem direito à revolução.

John Locke foi o fundador do liberalismo constitucional, que concebe o Estado submetido à um contrato. O direito natural da propriedade, fruto do trabalho é o fundamento do valor econêomico vital do trabalho. John Locke influenciou o liberalismo de Adam Smith (1723- 1790) e Ricardo (1772-1883). Ele também dividiu , na teoria, os poderes em dois: Legislativo e Executivo. Esses poderes são nessários para garantir a validade da lei e a ausência de tirania.

Até a época em que atuou, John Locke foi o filósofo moderno que mais tinha bem definida suas opiniões políticas e filosóficas. Bacon fizera sugestões. Hobbes estava desacreditado, e Spinoza era extremista. John Locke fez a ponte entre Descartes e o que viria a ser o Iluminismo. Influencious Berkeley e Hume que patiram de sua filosofia empírica, mas não radicalmente empírica, pois admite a existência do sobrenatural. Era racionalista, mas acrediatava na reveleação divina. Achava que a existência de Deus podia ser provada racionalmente. Leibniz escreveu uma resposta ao Ensaio, em que defende uma volta ao inatismo.